sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Podridão

Rescaldo de semana europeia na imprensa desportiva de hoje com um pequeno apanhado de alguns jornais europeus.
Curiosamente, no país que consegue apurar 6 equipas para as provas europeias esta época, o desprezo pelos resultados na UEFA é, no mínimo, embaraçoso. Os mesmos jornais que se preocupam tanto com os rankings europeus, onde Portugal luta com França e Rússia pelo 5º lugar, e onde, outrora, destacava o desempenho uefeiro de clubes nacionais que abriam portas para o apuramento de outros, agora é tudo chutado para canto.
O que interessa é o CJ, o CD da FPF e tudo o que gravita à volta daquela coisa sem importância que se joga num relvado durante 90 minutos e que até parece atrapalhar a verdadeira luta de quem quer vencer a todo custo por via de influências, pressões, ameaças, comunicados e falatório incendiário e interrupto.
 Clubes portugueses a caírem perante clube alemães nem é vergonha nenhuma para ninguém, embora no caso do Bayer Leverkusen até tenha sido a primeira vez que os farmacêuticos conquistaram um apuramento em eliminatórias com clubes do nosso campeonato. O Belenenses e o Benfica, por duas vezes, foram felizes contra o Bayer.
Talvez fosse interessante vermos os jornais dissecarem sobre esta nova moda assustadora de vermos clubes aliviados por serem rapidamente afastados das provas da UEFA. Na mesma época a caírem da Champions para a Liga Europa e sempre com pressa de sair. Não faz sentido quando são os mesmos jornais a alimentarem as suas páginas com sonhos europeus, recordando epopeias de provas ganhas no passado, de motivarem clubes mais pequenos a lutarem pelo complicado apuramento europeu. Tanto trabalho para depois saírem quase todos airosamente em Fevereiro?!
E as capas de reacção a esse descalabro, e em alguns casos desprezo, é falar de siglas de órgãos que mexem no nosso campeonato?
Temos mesmo o futebol que merecemos. Hoje em dia em Portugal são felizes todos aqueles que sabem na perfeição o que são e o que significam as siglas CJ, CD, APAF e afins. São felizes aqueles que sabem quem são os homens que votam e não votam nas reuniões dessas organizações, quem sai e quem vem, porque vão e que querem vir. São felizes todos aqueles que suspiram a cada comunicado no facebook reproduzido com pompa e circunstância nas páginas dos tais jornais com chamadas de capa. Jornais que não hesitam em destacar na capa a prisão imaginária de dois adeptos de futebol que invadiram um relvado para tocarem nos seus ídolos mas já têm pudor em destacar o fracasso de dois grandes clubes de futebol numa competição que era para ganhar, como se pode ler em Dezembro nas mesmas páginas.
Ponderar sobre o facto de termos nesta altura da época a Espanha com 7 clubes em prova, todos os que começaram a época na Europa, a Alemanha com 4 dos 7, a Inglaterra com 6 dos 8, a Itália com 3 dos 6 e Portugal com apenas 2 dos 6, ao nível da Ucrânia e Bélgica, não parece ser importante nem interessante. O que isto importa quando podemos falar do CJ e do CD?
Os craques dos comunicados, dos circos televisivos, das patetices das redes sociais, das tagarelices choronas estão a ganhar em toda a largura.
Se vão sobrar interessados em futebol entre as gerações mais novas e futuras, é coisa que não preocupa ninguém. Ganhar os derbys dos CJ-CD para depois tentarem ganhar qualquer coisa no final da época é que é o caminho, e vale tudo com a bênção dos jornais.
Pobre futebol.

E é isto! Sem tirar nem pôr! Tal como falei de manhã...é o que merecemos...enquanto lá fora os destaques vão para as jornadas europeias, para o futebol...aqui...é esta triste história do costume...
Ainda sonho com o dia em que vai haver um dirigente desportivo que põe fim a este declínio que levam o futebol nacional...e um dirigente de canal televisivo que crie um programa de futebol em que proíba de falar daquilo que só destrói o nosso futebol.
O programa poderia chamar-se 90 minutos!
Seriam 90 minutos em que só se falaria daquilo que faz os adeptos pagar pelo bilhete durante os 90 minutos de um jogo de futebol!

1 comentário:

  1. O Benfica devia abandonar o campeonato português e solicitar à Real Federação Espanhola a inscrição e disputa da sua liga.

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